quarta-feira, 5 de setembro de 2012

PATRIMÔNIOS E MEMÓRIAS

Um dia desses após aceitar o convide de uma mulher que foi vítima das crueldades da Ditadura Militar brasleira (1964-1984), para participar na cidade de Criciúma de um coletivo em prol da Justiça, Verdade e Memória acerca dos crimes da Ditadura, me deparei com uma reflexão acerca dos patrimônios desse lugar.
Pensei o quanto venho me dedicando aos estudos e a alguma lutas em defesa do patrimônio edificado nessa cidade, no registro das memórias da educação e de tantas outras memórias. Pensei também na minha participação, embora tímida na defesa do patrimonio natural, ameaçado pela lógica destruidora capitalista, e que, nessa cidade é notável pela destruição realizada por meio das atividades carbonpiferas. Memórias, patrimônios....
No entanto, o convite para participar desse Coletivo me apontou um outro patrimônio, um belíssimo patrimônio- o humano, os Direitos Humanos. Assim, contribuir para que não seja esquecida na cidade de Criciúma as prisões, os desaparecimentos políticos é contribuir para que seja preservado os Direitos humanos.
No cenário da cidade de Criciúma há alguns lugares que devem receber visibilidade dessa memória.
Quem visita, frequenta ou transita nas salas do Prédio da Fundação Cultural de Criciúma, desconhece que nesse lugar em abril de 1964 várias lideranças políticas e sindicais foram presas pelos militares.
Quem estuda, visita ou transita pelo Colegio Estadual Lapagesse também ignora que nesse estabelecimento de ensino, essas lideranças também ficaram retidas pelas forças da polícia do Delegado Veloso, a mando da força militar na época.
E, mais surpreendente, para aqueles que assitem aos jogos do Criciúma, que torcem e vibram com suas vitórias, talvez não saibam, que em 1964, quando esse time de futebol chamava-se Comerciário, seu estádio foi o local ideal para interrogar cerca de dois mil trabalhadores mineiros, de toda a Região Carbonífera, que poderiam ser ou não comunistas, pois a luta sindical era considerada subversão comunista.
Patrimônios e memórias fazem parte dos cenários das cidades, não de forma idílica e romântica, mas como marcas de experiências que não podemos jamais esquecer, para que a humanidade continue seu processo de humanização rumo ao gozo pleno  dos Direitos Humanos.

Marli de Oliveira Costa