A Praça Nereu Ramos, primeiro espaço público de sociabilidade de Criciúma, situa-se no centro da cidade. Como outros espaços denominados de Praças, vem ao longo de sua história constituindo-se como palco de conflitos políticos, manifestações religiosas, testemunha de relações afetivas, lugar de encontro de jovens e aposentados, ponto para as prostitutas, local de descanso para transeuntes e também dormitório para aqueles que não possuem casa.
A composição enquanto Praça deu-se lentamente. O historiador Mário Belolli, diz que no final do século XIX, a Praça já era um ponto de descanso para os tropeiros que por ali passavam. Havia uma estrada que cortava a Praça e ligava os municípios de Urussanga e Araranguá. As pessoas que se deslocavam entre esses municípios passavam por ali. Então, alguns “colonos” resolveram colocar no local um pequeno comércio, para atender os viajantes.
A construção da Igreja Católica São José deu-se, após haver se consolidado no local este “pequeno comércio”. Mário Belolli coloca que “ (...) Já naquela época, os colonos tiveram alguns cuidados ao construir casas no local”, pois o espaço em frente à igreja permaneceu livre. A igreja localizava-se onde hoje se encontra a Casa da Cultura, permanecendo no local até 1917, quando foi inaugurada a igreja atual.
“A Praça até este período era um logradouro público, sem ser oficializado”, lugar em que os tropeiros amarravam seus cavalos, havia um campo de futebol, e alguns pés de jerivás onde atualmente encontra-se um ponto de táxi.
Em 1917 foi realizado um delineamento do perímetro urbano da cidade. Foi criada a rua Vinte e Seis de Março, hoje Avenida Getúlio Vargas. Delimitou-se também o tamanho dos lotes e as ruas João Pessoa, Seis de Janeiro e João Zanette, que se ligam à Praça até os dias atuais.
O ajardinamento do local foi feito na administração de Cincinato Naspolini ( 1930-1933) e o calçamento com Petit Pavê na administração de Ruy Hülse (1966-1970). A construção do chafariz, no lugar em que se encontrava o memorial ao mineiro (erguido em 1946 e retirado na década de 1970), foi consolidado no governo de Nelson Alexandrino (1971). O chafariz não existe mais e o memorial ao Mineiro está na Praça Etelvina Luz.
Quanto ao nome da Praça, muitas histórias e alguns nomes circularam no local. O primeiro nome foi Etelvina Luz, o ex-prefeito Marcos Rovaris (1926-1930) homenageou o então governador do estado de Santa Catarina, Hercílio Luz, colocando o nome de sua esposa na Praça. O Segundo foi “Nereu Ramos”, homenagem feita pelo então prefeito Elias Angeloni (1933-1945) em um decreto de 1937. Elias Angeloni desejava homenagear Nereu Ramos, mas teve o cuidado de não ofender tanto aqueles que homenagearam Hercílio Luz, como também o próprio ex-governador. Para tanto, dividiu a Praça. De um lado que passa em frente à Casa da Cultura ficou a Praça Etelvina Luz separada da Praça Nereu Ramos por uma rua que termina onde atualmente encontra-se um ponto de táxi. A Praça Nereu Ramos então ficava em frente da Igreja matriz. Mas, esta mesma praça já se chamou “Praça da Bandeira”. Pois, durante o governo de Getúlio Vargas, as cidades foram obrigadas a colocar em suas praças ou ao menos na praça principal, um mastro com a bandeira do Brasil. Então, a população chamava de Praça da Bandeira, o local em frente ao café São Paulo.
Atualmente nos registros oficiais prevalecem os dois nomes, Etelvina Luz e Nereu Ramos. Não existem mais ruas para separá-las, pois a comunidade conquistou Espaço Público. Mas, a população desconhece outro nome qual não seja “Nereu Ramos”, o nome que ficou.