
Criciúma está envelhecendo. Teria ela lugares de memória de seus 131 anos? Infelizmente pouco se conservou. A lógica do progresso associada à idéia do novo como “o melhor”, vem apagando os rastros das gerações que antecederam a população criciumense atual. Esse Blog tem por objetivo discutir o patrimônio histórico de Criciúma, apresentando fotografias que permanecem como testemunhos de um passado que se apaga.
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
PATRIMÔNIOS E MEMÓRIAS
Pensei o quanto venho me dedicando aos estudos e a alguma lutas em defesa do patrimônio edificado nessa cidade, no registro das memórias da educação e de tantas outras memórias. Pensei também na minha participação, embora tímida na defesa do patrimonio natural, ameaçado pela lógica destruidora capitalista, e que, nessa cidade é notável pela destruição realizada por meio das atividades carbonpiferas. Memórias, patrimônios....
No entanto, o convite para participar desse Coletivo me apontou um outro patrimônio, um belíssimo patrimônio- o humano, os Direitos Humanos. Assim, contribuir para que não seja esquecida na cidade de Criciúma as prisões, os desaparecimentos políticos é contribuir para que seja preservado os Direitos humanos.
No cenário da cidade de Criciúma há alguns lugares que devem receber visibilidade dessa memória.
Quem visita, frequenta ou transita nas salas do Prédio da Fundação Cultural de Criciúma, desconhece que nesse lugar em abril de 1964 várias lideranças políticas e sindicais foram presas pelos militares.
Quem estuda, visita ou transita pelo Colegio Estadual Lapagesse também ignora que nesse estabelecimento de ensino, essas lideranças também ficaram retidas pelas forças da polícia do Delegado Veloso, a mando da força militar na época.
E, mais surpreendente, para aqueles que assitem aos jogos do Criciúma, que torcem e vibram com suas vitórias, talvez não saibam, que em 1964, quando esse time de futebol chamava-se Comerciário, seu estádio foi o local ideal para interrogar cerca de dois mil trabalhadores mineiros, de toda a Região Carbonífera, que poderiam ser ou não comunistas, pois a luta sindical era considerada subversão comunista.
Patrimônios e memórias fazem parte dos cenários das cidades, não de forma idílica e romântica, mas como marcas de experiências que não podemos jamais esquecer, para que a humanidade continue seu processo de humanização rumo ao gozo pleno dos Direitos Humanos.
Marli de Oliveira Costa
terça-feira, 27 de março de 2012
Transformações urbanas

"A história humana não se desenrola apenas nos campos de batalhas e nos gabinetes presidenciais. Ela se desenrola também nos quintais, entre plantas e galinhas, nas ruas de subúrbios, nas casas de jogos, nos prostíbulos, nos colégios, nas usinas, nos namoros de esquinas. Disso eu quis fazer a minha poesia. Dessa matéria humilde e humilhada, dessa vida obscura e injustiçada, porque o canto não pode ser uma traição à vida, e só é justo cantar se o nosso canto arrasta consigo as pessoas e as coisas que não tem voz".
Ferreira Gullar
Como escreve/ descreve o poeta, a História se desenrola em diferentes lugares, pois é constituída cotidianamente por todas as pessoas. Porém, alguns locais têm o privilégio de receber todos os dias um grande número de pessoas. São lugares de grande circulação, e que com o advento da modernidade passaram a ter um trânsito frenético, tão frenético a ponto de passarmos por esses lugares e simplesmente não vermos mais, ou melhor, vemos mais não olhamos. Não olhamos profundamente para nosso entorno porque temos pressa, porque a correria do mundo moderno nos torna cegos. Esta cegueira nos faz pensar muito pouco nas transformações que estão ao nosso redor. São poucos aqueles que ainda percebem que alguns lugares de sociabilidades e de memória estão sendo destruídos, alguns lentamente outros violentamente. É o que está acontecendo com a Praça Nereu Ramos. O projeto de revitalização da Praça está descaracterizando um importante local de memória de Criciúma. A retirada do Petit Pavê foi um momento de reflexão (para aqueles que ainda não foram engolidos pelo turbilhão da modernidade), pois nos questionamos: estamos participando das decisões de nosso município? Que relação temos com nossa história? E a nossa identidade? Ao olhar as máquinas “escavando” diferentes lugares da Praça e simplesmente descartando parte de nossa cultura material fica a pergunta: a quem pertence essa Criciúma?
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Imagens da Praça Nereu Ramos
Nos anos de 1930, a Igreja Matriz São José já havia sido transferida para o outro lado da Praça (1917) e o segundo prefeito de Criciúma, Cincinato Naspolini implantou o ajardimento, cujas árvores se encontram até os dias de hoje embelezando o primeiro local de sociabilidade dos criciumenses.